“O sol ainda não se levantou. Está fazendo frio. Estamos na coberta, vestindo nossas japonas. Mar agitado, logo na saída do porto.Pierre está no leme, Saint-Malo, coberta por enormes nuvens cinzentas, desaparece lentamente.
Ninguém fala.
É bastante impressionante partir assim, de madrugada, para dar a volta ao mundo.
A situação tem algo de irreal. Olho para as ondas curtas, verdes e brancas, que chegam ao estibordo e me esforço por reconhecer que estamos lá de verdade, todos juntos com nosso barco debaixo de nossos pés.
Por meses e meses disse e repeti as mesmas coisas, só pensando na partida. Nada contava, fora a expedição.
Sem que o percebesse, ela se tornara uma coisa abstrata, intangível, um alvo a ser atingido.
Agora vou vivê-la, essa expedição.
Vou precisar me acostumar com a ideia. Sei que também meus companheiros compartilham dos mesmos sentimentos.- Acabamos de percorrer nossa primeira milha – diz Roger.- Só faltam outras 24.999.”